Guia de Doenças (abcesso Pulmonar)

Abscesso pulmonar

O abscesso pulmonar consiste em necrose do parênquima pulmonar, causada por infecção microbiana. Em geral, o abscesso pulmonar é provocado pela aspiração de bactérias anaeróbicas e é definido, na radiografia de tórax, como uma cavidade de pelo menos 2 cm. Os clientes que correm risco de aspiração de material estranho com desenvolvimento de abscesso pulmonar incluem os que apresentam comprometimento dos reflexos da tosse, que perderam a capacidade de fechamento da glote ou que têm dificuldades de deglutição. Outros clientes de risco incluem aqueles com transtornos do sistema nervoso central (p. ex., convulsões, acidente vascular encefálico), drogadição, alcoolismo, doença esofágica ou imunocomprometimento; clientes com dentição em estado de conservação precário e aqueles submetidos à alimentação por tubo nasogástrico; clientes com estado alterado da consciência, devido à anestesia.

Fisiopatologia

  • Os abscessos pulmonares são, em sua maioria, uma complicação de pneumonia bacteriana ou são causados pela aspiração de anaeróbios orais para os pulmões.
  • Além disso, podem ocorrer em consequência de obstrução mecânica ou funcional dos brônquios por tumor, corpo estranho ou estenose brônquica, ou devido a pneumonia necrosante, tuberculose, embolia pulmonar ou traumatismo torácico.
  •  A localização do abscesso pulmonar está relacionada com a gravidade e é determinada pela posição do indivíduo. No caso de clientes confinados ao leito, o segmento posterior de um lobo superior e o segmento superior do lobo inferior constituem as áreas mais comuns. Dependendo da posição do cliente quando houve a aspiração, podem ocorrer apresentações atípicas.
  • No início, a cavidade no pulmão pode ou não estender-se diretamente para um brônquio. O abscesso acaba sendo encapsulado por uma parede de tecido fibroso.
  • O processo necrótico pode estender-se até alcançar o lúmen de um brônquio ou espaço pleural, estabelecendo uma comunicação com o sistema respiratório e/ou com a cavidade pleural. Se o brônquio estiver acometido, o conteúdo purulento é expectorado na forma de escarro. Se houver comprometimento da pleura, verificase o desenvolvimento de empiema. Uma comunicação entre o brônquio e a pleura é conhecida como fístula broncopleural. Os microrganismos frequentemente associados a abscessos pulmonares incluem S. aureus, Klebsiella e outras espécies gram-negativas. No entanto, também podem ser encontrados microrganismos anaeróbicos. Os microrganismos variam, dependendo dos fatores predisponentes subjacentes.


Manifestações clínicas

  • As manifestações clínicas variam desde tosse produtiva leve até doença aguda
  • A febre é acompanhada por tosse produtiva, com volumes moderados a copiosos de escarro de odor fétido, algumas vezes sanguinolento.
  • Pode ocorrer leucocitose
  • É comum a ocorrência de pleurite ou dor torácica difusa, dispneia, fraqueza, anorexia e perda de peso.


Avaliação e achados diagnósticos

  • Há macicez do tórax à percussão e diminuição ou ausência de murmúrio vesicular, com atrito pleural intermitente e, possivelmente, estertores à ausculta. São realizadas radiografias de tórax, cultura do escarro e, em alguns casos, broncoscopia de fibra óptica. A TC do tórax pode ser necessária para obter imagens mais detalhadas.


Prevenção

  • Para reduzir o risco de abscesso pulmonar, instituir antibioticoterapia apropriada antes de qualquer procedimento dentário e manter higiene dentária e oral adequada. Para clientes com pneumonia, administrar terapia antimicrobiana prescrita.


Manejo clínico

Os achados na história da saúde, no exame físico, nas radiografias de tórax e na cultura de escarro indicam o tipo de microrganismo e o tratamento necessário.

  • A fisioterapia respiratória (percussão/drenagem postural) é realizada para possibilitar drenagem adequada
  • Um cateter percutâneo pode ser inserido para drenagem prolongada
  • O uso de broncoscopia para drenagem de abscesso é incomum
  • O cliente é aconselhado a consumir uma dieta hiperproteica e hipercalórica
  • A intervenção cirúrgica é rara. A ressecção pulmonar (lobectomia) é realizada quando ocorre hemoptise maciça, ou quando não há resposta ao manejo clínico
  • A terapia antimicrobiana IV depende dos resultados da cultura de escarro e do antibiograma.


A clindamicina é o medicamento padrão para infecções pulmonares por anaeróbios. São necessárias altas doses IV, visto que o antibiótico precisa penetrar no tecido necrótico e no líquido do abscesso

São administrados antibióticos orais em vez de intravenosos após melhora dos sinais clínicos (temperatura normal, diminuição da contagem de leucócitos e melhora na radiografia de tórax, mostrando resolução do infiltrado, redução do tamanho da cavidade e ausência de líquido). A antibioticoterapia oral é mantida por 4 a 12 semanas.

Manejo de enfermagem

  • Administrar antibióticos e tratamento IV, conforme prescrição, e monitorar o aparecimento de efeitos adversos
  • Iniciar a fisioterapia respiratória, conforme prescrição, para a drenagem do abscesso
  • Avaliar se o cliente apresenta tosse adequada; ensinar a realizar exercícios de respiração profunda e tosse.
  • Incentivar o consumo de dieta hiperproteica e hipercalórica.
  • Fornecer apoio emocional, visto que a resolução do abscesso pode levar muito tempo.
  • Promoção dos cuidados domiciliar e comunitário
  • Orientação do cliente sobre autocuidados
  • Instruir o cliente ou os cuidadores a respeito da técnica de troca dos curativos para evitar o odor e a escoriação da pele; o método de monitorar os sinais e sintomas de infecção; e a maneira de manipular o dreno ou o tubo e mantê-lo operante
  • Lembrar ao cliente a necessidade de realizar exercícios de respiração profunda e tosse a cada 2 h durante o dia
  • Demonstrar a percussão do tórax e técnicas de drenagem postural aos cuidadores.
  • Cuidado continuado
  • O cliente pode necessitar de revisão das orientações para cuidados domiciliares.
  • Durante as visitas domiciliares, a enfermeira deve:
  • Avaliar o estado físico, o estado nutricional e o ambiente domiciliar do cliente,
  •  bem como a capacidade do cliente e do cuidador de realizar o esquema terapêutico
  • Reforçar as instruções, fornecendo aconselhamento para alcançar e manter um estado ideal de nutrição.
  • Ressaltar a importância de completar o esquema antibiótico, manter o repouso e níveis apropriados de atividade para evitar a ocorrência de recidiva
  • Providenciar o serviço de atendimento domiciliar para iniciar a antibioticoterapia IV, caso necessário.
  • Considerar estratégias de promoção e triagem de saúde.




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